Coração compartido...

Oh coração se partiste em dois ao se apaixonar, se dividiste entre nós, cada um com uma pequena metade a sonhar. Viveste os mais belos sonhos, contos, romances que qualquer um pôde imaginar, mas como todo infinito possuíste prazo de validade, e este acabou de acabar.

Quebraste-te em mil pequenos pedaços que foram se espalhar, a dor em seu corpo foste a se adentrar, as lágrimas por seus pequenos olhos foste a escorrer, a alma... ah esta, parece-me que não vai a sobreviver.

Lábios compartidos, divididos entre a ausência de seu corpo e o alivio de uma partida menos trágica do que imaginaste... dividido entre o ódio e o prazer de te amar... ah como eu sonhava em sua vida poder adentrar.

Corrompe-se meu corpo e minha alma em pequenos fragmentos, fragmentos de um amor que pareceste perfeito, mas em sua verdade era somente meio amor... sobrevivias somente em um lado da balança, equilibrando-se de um lado amor e em sua outra extremidade o ódio... tão rancoroso eres tu ódio. 

Sorte que com o tempo os ferimentos se cicatrizam, as dores se amenizam, e não serias o oposto contigo, oh meu pobre coração... o tempo foste bondoso contigo, generoso por ti, te curaste rapidamente de uma dor que parecia que ia vos consumir. Tudo se recompôs, às memórias sobreviveram ao tempo, só restaram saudades... sem amor, sem dor. Oh tempo, eres perfeito, curaste o que parecia não ter cura, aliviaste um fardo que nem a ti pertencia.

Ah agora meu pequeno coração, não te entregas loucamente a qualquer uma paixão, dor de amor é dolorosa, és alma com espinhos, ferimentos profundos que adentram cada vez mais dentro de ti... a dor fizeste lutares contra muitos monstros, mas cuida-te, pois ao lutar com eles é possível transformaste em um deles.